sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Traga sua mente para casa



Os meus primeiros contatos com a prática de meditação foram nas minhas aulas de Kundalini Yoga na Universidade de Valencia, Espanha (gracias Ara) e com um curso que eu fiz sobre o Livro Tibetano do Viver e do Morrer de Sogyal Rimpoché, que eu recomendo.
Como bem disse a minha amiga Naira, não é nada fácil e nem existem receitas mágicas. É necessário disciplina, paciência e vontade ou se preferir, motivação correta, atitude desprendida e dedicação.
Também não posso dizer que domino a técnica. Também estou procurando meu caminho nesta “arte”, mas gostaria de passar adiante as pequenas jóias que eu colecionei nesta busca.
Rimpoche fala no livro que a meditação nada mais é do que trazer a mente para casa e aprender a meditar é o melhor presente que você pode se dar nesta vida. Ele ainda afirma que na quietude e no silêncio da meditação, nós vislumbramos nossa profunda natureza interior que perdemos há tanto tempo e então, conseguimos voltar à ela. Ele explica que é como se a nossa mente fosse um copo de água misturado com areia. Se você agita constantemente o copo, só será capaz de ver uma água turva. Se você consegue deixar o copo repousando a areia vai para o fundo e a água fica transparente de maneira que conseguimos ver através dela.
Muito bonito, não é? Mas então, por onde é possível começar?
Existem muitas formas de meditar. Algumas delas utilizam elementos como visualizações de objetos físicos ou mentais, mantras, gestos, canções e outras delas simplesmente consistem em sentar em uma postura confortável e ir aos poucos acalmando os pensamentos. Existem várias tradições de meditação e cada uma delas tem a sua técnica.
O que é uma postura confortável pode variar de pessoa para pessoa mas algumas coisas são bastante importantes. É importante que ao sentar-se, o quadril esteja mais alto que os joelhos. Caso contrário, se o quadril estiver mais baixo, fica difícil para o organismo bombear o sangue para as pernas e isso pode trazer uma sensação de formigamento ou de desconforto aos poucos minutos de sentado.
A outra coisa importante é manter a coluna reta. Imagine que existe um fio que sai do topo da cabeça para o teto. Esse fio “puxa” o pescoço, alinhando a cabeça e a coluna. Tente imaginar a sua coluna como uma pilha de moedas ou de pequenos discos e o alinhamento desta pilha trará uma sensação de conforto e bem estar. Nesta posição o queixo ficará um pouco para dentro, na direção do peito, bem alinhado.
A posição dos braços pode ser a que for mais confortável. Eles podem estar apoiados nas coxas, nos joelhos ou as mãos unidas perto de sua virilha.
Cuidado com os ombros para que eles não estejam curvados para frente.
Ao entrar na postura e sentir o conforto que ela traz, deixe que um sorriso surja naturalmente em seus lábios. Ao sorrir, mandamos uma mensagem para a mente de contentamento e de bem estar.
A partir daí, você pode utilizar as técnicas ou simplesmente acalmar a mente. Você pode escolher um mantra de sua preferência e entoar mentalmente ou em voz alta, pode escolher alguma imagem para fixar seus olhos ou simplesmente mentalizar. Depende de cada um a forma mais adequada.
Sentado, em silêncio, com o corpo quieto e a mente calma, deixe que seus pensamentos e suas emoções venham e passem, naturalmente, sem se enredar ou se apegar.
Não há um tempo definido. Comece aos poucos e vá ampliando o tempo conforme sentir necessidade ou vontade. É importante também não entrar nem sair da meditação bruscamente. Deixe que a suavidade tome conta da sua prática e isso se refletirá em sua mente. Respeite a prática e a si mesmo.
São inúmeros os benefícios já comprovados da meditação. Falaremos mais sobre eles em outros posts. Também, aos poucos, vamos colocando aqui algumas técnicas específicas de meditação que podem servir para dar algumas ideias.
Até lá.
Sat Nam.
Cris.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Comer, Rezar, Amar


Acabei de ler o livro Comer, Rezar, Amar, da Elizabeth Gilbert. Ainda não assisti ao filme, e não sei se vou assistir, porque geralmente acabo me decepcionando, quando já li a história antes.

Mas o que eu queria comentar, era uma passagem do livro, que me chamou a atenção. A autora/protagonista, durante a sua estadia em Roma, na primeira etapa de sua viagem, começa a fazer um exercício de se perguntar a si mesma que ela quer fazer, de coração.
À primeira vista, me pareceu um questionamento bem simplório. Mas a idéia ficou martelando na minha cabeça e, no dia seguinte, comecei a exercitar essa pergunta. Era um sábado ensolarado e me perguntei, “o que quero fazer, de verdade?”, e fiquei lá, parada, tentando escutar o que meu coração dizia. E para minha surpresa, não escutei nada! Cheguei a pensar que ele era mudo!
Na hora que eu fiz a pergunta para eu mesma, enquanto meu coração ficava lá, quietinho no canto dele, minha mente já começou a disparar um monte de respostas, uma para cada direção, analisando qual idéia era a melhor, cada uma com prós e contras, daí ela me lembrava que as idéias eram todas boas, mas que eu tinha que ir no supermercado, que tinha que arrumar meu guarda-roupa, e tudo quanto era compromissos.
Dei-me conta de que a mente é uma grande tagarela, e que fala bem alto. E que é preciso acalmar ela até quase silenciá-la, para poder escutar o que o seu coração realmente quer. Por que acho mesmo que o coração conhece os segredos das coisas que pode te fazer feliz. E geralmente, são coisas bem mais simples do que se pode imaginar, ou melhor, pensar.
E se o objetivo é buscar esse silêncio, o melhor caminho, é o da meditação. As pessoas costumam ter uma falsa idéia do que seja a meditação, achando um exercício um tanto quanto místico, e estranhando a idéia de uma pessoa sentada em posição de lótus, com dois dedos unidos em cada mão, recitando mantras. Mas na verdade, é apenas um corpo estático, concentrado num som, tentando silenciar a mente. Esse é o objetivo central.
Para o exercício da meditação, que já aviso, pede disciplina e vontade, existem algumas técnicas, “truques” e dicas, que podem ajudar.  Confesso, que ainda estou tentando, buscando, um caminho para conseguir o silêncio, então, não tenho a resposta, nem o segredo do “sucesso”. Mas aprender a meditar é percorrer um longo caminho, e o importante é estar na trilha certa.
A certeza, é o que o final da trilha parece mesmo um lugar fantástico.
Boa caminhada,
Naira.